Dia 7

Mc Donald`s em Santa Fe. Arquitetura pitoresca.

Saindo da pitoresca cidade de Santa Fe no New Mexico, o que vi foi estrada, desertos, canyons e mais estrada. Não sei se devido à condição climática da região ou pela própria geografia de terrenos acidentados, aquele glamour que encontrei em algumas cidades que a Route 66 passa eu não vi mais por aqui.

O New Mexico é um território que foi muito habitado por indígenas e ainda existem muitas aldeias por aqui. No século XVI os exploradores espanhóis vieram do Mexico e virou uma misturama de culturas, o que dá pra ver bem em Santa Fe. Mas eis que por volta de 1690 os indígenas expulsaram os espanhóis do lugar. Apenas em 1848 com a Guerra do México, o New Mexico tornou-se território dos EUA e em 1912 admitido como estado. (grickert também é cultura!)

Motel El Caminho em Albuquerque

Passando pelo vilarejo de San Felipe uma placa acusava “Depressão na Pista”. Mais adiante pude sentir no psicológico este alerta. É de ficar deprimido uma viagem longa por estes lados. Grandes retas e nenhum trativo para mudar a paisagem. Passei ainda pelas pequenas cidades Algodones e Bernalillo até chegar em Albuquerque, a maior e mais agitada cidade do New Mexico.

Albuquerque - New Mexico

Lá a Route 66 virou ruas e avenidas que cortam a cidade. Em muitos pontos os locais são temáticos e levam o nome da Main Street em seus out-doors e placas de entrada. Em Albuquerque não fez nenhuma diferença a desativação da estrada pois a cidade se desenvolveu e engoliu a Main Street. Os trechos da Route que passam dentro da cidade fazem o mesmo caminho do traçado original de 1937.

Deserto

Saindo de Albuquerque mais uma maratona de estrada e deserto. Até me aventurei entrando no meio de uma região arenosa para bater uma foto. Segundo fontes, saindo desta região há 700 milhas (1120 km) de deserto pela frente. Realmente uma nova etapa nesta viagem. Nesta região há alguns cassinos no meio do nada!

Cassino Route 66

O maior que vi era justamente o Cassino Route 66. Mas a depressão que a estrada me causou não me animou para tentar a sorte.

Passei em seguida por San Fidel e McCartys.

Trading Post - San Fidel

Whiting Bros Motel em McCartys - Abandonado

Chegando em Grant logo avistei o Grants Café, um importante marco da história da Main Street. Fiquei surpreso com a quantidade de Moteis ativos que beiram a Route. Pena que não estava no fim da tarde para me acomodar por ali. Por falar nisso, uma curiosidade: Em todos os Moteis que fiquei, exceto o Wagon Wheel em Cuba no Missouri, os proprietários eram todos de descendência indiana. Não indígenas, mas da Índia. E são muitos km rodados e estados diferentes que passei. Creio que esta atividade moteleira tenha sido fortemente adquirida em algum momento por estes imigrantes hindús, pelo menos no oeste americano.

Monumento em Grants

No percurso ainda há um bom trecho em que tive que pegar a I-40 porque a 66 não existe mais ou esta situada em propriedades particulares. Apertei o passo até Gallup, a ultima cidade do New Mexico e a qual ficaria em meu planejamento.

El Rancho Motel

Já mais perto da California que é a capital do cinema mundial, estas cidades que passei pelo Novo México e que vou passar mais adiante no Arizona foram bastante utilizadas como cenários de filmes. Em Gallup a atração mais importante é o El Racho Motel, que tem data de inauguração de 1937 e era desde o início ponto de encontro das estrelas de cinema.

Por falar em cinema, um detalhe que esqueci de mencionar sobre o traçado da Route 66 é que esta escolha de Chicago à Los Angeles tem muito a ver com o cinema. Um dos primeiros diretores de cinema da história chegou a Los Angeles vindo de Chicago. Seu nome era Francis Boggs e ele tinha uma pequena produtora de cinema que quase foi a falência quando estava rodando o épico O Conde de Monte Cristo.

Cena do filme de Boggs

Depois de realizar todas as cenas internas ele se viu em apuros quando a Neve em Chicago acabou com qualquer possibilidade de rodar as cenas externas. Sendo assim, o diretor Bogs e sua equipe se deslocaram rumo ao oeste em busca de uma condição climática melhor para a finalização do filme, o que acabou acontecendo em Los Angeles. As condições eram tão boas que Francis resolveu estabelecer seu negócio ali mesmo e depois disso, outros diretores de cinema fizeram o mesmo. O resultado disso é a Hollywood que conhecemos hoje, a maior potencia do cinema mundial. Cultura, cultura…

Em Gallup, ainda no meio da tarde, resolvi vir para o Motel El Capitain, pois a jornada foi bastante exaustiva hoje. Amanhã é dia de troca de estado e o Arizona me aguarda. Frio na barriga, medo,etc. Hasta la vista, baby.

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6 respostas para Dia 7

  1. laranjo disse:

    Hahaaa, ontem estava conversando com o will, ele me falou de qd vcs se encontravam de repente nas mesmas empresas à procura de emprego, e me disse tb que vc já fez uns curta metragens, agora está caindo minha ficha, vc vai fechar com chave de ouro a viagem, indo pra California, será muito legal ter a visão de lá por um amante do cinema. Vou enviar seu blog pra minha mãe, ela tb ama cinema. Ontem estava assistindo o filme “arvore da vida” aki no estação e me lembrei do que vc escreveu sobre as casas com os grandes jardins na frente e as bicicletas jogadas, o filme mostra muito essa realidade, realidade vista somente nas cidades pequenas né, ou nos condomínios, os novos guetos particulares, muito bom. Eu carreguei esse video aí da estrada nos desertos e vi em tela cheia, hehehe, e siga em frente rapaz, uma boa viagem…!!!!

    • grickert disse:

      Opa, inclusive meu ultimo filme chama-se Alaranjado, tipo, você vai gostar ehehe.. veja, estão no youtube tb.
      O Will participou da produção de um deles, o Versões de Mim. Fecharei comchave de ouro sim, ainda mais que será na praia! Mas vou passear por LA tb. Valeu pelo comentário! Abraços!

  2. Wa disse:

    Eis a grande diferença do primeiro Mundo p/ os Países Emergentes…
    Aqui, uma estrada como esta, vazia e longe de tudo, ao cruzar (de tempos em tempos)com
    algum veículo, daria arrepios ! Porque provavelmente seria um ladrão ou bandido que se
    aproveitaria do lugar ermo, dando meia volta, indo atrás de Vc. para assalta-lo…

  3. Adriane disse:

    nossa TuM tUm, por um momento achei que fosse você na foto, mas é o Conde de Monte Cristo hehee =P me divirto nesse blog.. uma beleza esse post cultural!!
    Bom que já está bem longe da costa leste, depois do terremoto em NY tá chegando um furacão.. Ainda bem que você está seguro ;o))
    Beijooo enorme, saudadonaa!

  4. Gostei da parte da “depressão” na pista! rs rs Ninguém mandou ir sozinho rs rs
    Se eu tivesse de férias e com grana sobrando eu teria ido! Muito boa essa viagem e o seu blog também. Sobre os indianos… é verdade meu caro… e não é só no oeste dos EUA não eles tomaram conta de quase toda a rede moteleira na américa do norte e imagino que até boa parte da rede hoteleira. Isso sem falar que eles dirigem a maioria dos taxis americanos rs rs

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